Adumbratio cerâmicus actio

Performance

[VANDA MADUREIRA]

Adumbratio cerâmicus actio, 2017

Performance

Duração 25 min no Atelier Aberto, Escadarias do claustro do Colégio das Artes, Coimbra

Duração 15 min no Noc Noc, Antigo edifício dos CTT, Guimarães

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Adumbratio Ceramicus Actio, 2017


Esta performance decorreu em 3 etapas distintas e desse facto resultaram algumas alterações de uma para a outra.

Segue-se uma descrição da performance que realizei nas escadarias do Colégio das Artes mais especificamente na parede nascente do complexo edificado da escadaria, onde tinha sido a origem da minha primeira experiência site-specific com suporte de papel, O Desenho como Potência, que é aliás veículo das minhas pesquisas para o projecto de Tese.

Primeiro acto, invisível, porque precedeu o momento público da performance, foi o de projectar barro contra a parede. Atirei, literalmente, barro à parede e este fixou-se nela o que prenunciava, para nos atermos ao adágio popular, uma perspetiva optimista sobre os aspectos vindouros quer da performance quer do meu trabalho de pesquisa.

Entretanto o público reuniu-se no topo da escadaria insciente deste meu primeiro gesto e aguardando a minha presença. Saí das portas do atelier carregando um rolo de papel, o tal que já tinha apresentado no Motel Coimbra. Desci as escadas posicionando-me numa das paredes adjacentes, descalço-me, desenrolo a folha. Houve um antagonismo entre a minha intenção de abrir a superfície de papel, empurrando o rolo até à sua extremidade e a memória mórfica desse papel que regressava à sua posição original contrariando a força que eu exercia sobre ele. Ação-reação. Finalmente quase como uma técnica de judo virei a folha ao contrário. A folha foi vencida e consegui mantê-la plana e fixa. Depois fui retirando o barro acumulado na parede e fui enrolando-o e transformando-o numa linha.

Fui construindo com esse material uma linha contínua e tridimensional sobre a folha de papel, uma linha que percorreu a superfície de uma extremidade à outra . Conforme me ia aproximando do fim da folha iniciei um processo inverso de regresso à outra extremidade, percorrendo a linha que acabara de fazer, como se fosse numa corda bamba. Chegada a extremidade do papel enrolei a linha até a transformar num novelo, que pouso na extremidade do corrimão da escadaria. Calço-me, enrolo a folha, e subo a escadaria, como a desci com a folha, debaixo do braço.