Objeto
[PATRICIA BORGES]
Solar 2, 2021
Série Solares
28 x 38 cm
Cianotipia de contato em papel de algodão (obra única)
Foto: Patricia Borges
Atenção: Últimos do estoque!
Data disponível:
Acredito que fotografamos na tentativa de compreender a impermanência da vida, a transitoriedade de todas as coisas que deixam de existir, apesar do nosso desejo de retê-las, de mantê-las. Mas nem mesmo a imagem fotográfica é permanente ou eterna. Sem luz, não haveria fotografia. Sem luz, não haveria dia. A tecnologia nos dá o dia eterno e a ilusão do tempo infinito, também a capacidade de fotografar a qualquer momento.
Como estar aqui agora, prestar atenção no momento? Uma vez que tudo ao nosso redor está mudando constantemente, talvez produzir imagens impermanentes que sofrem interferência da luz com o passar do tempo seja uma forma de apreciar a efemeridade. Ao explorar hoje uma técnica do século XIX, pretendo fazer uma reflexão histórica sobre os caminhos percorridos pela fotografia como forma de arte da era industrial ao mundo pós-digital, pensando na reprodutibilidade intrínseca do meio.
As imagens resultam dessa série de imprevisibilidades. E elas continuarão a mudar com o tempo, já que não foram completamente reveladas e fixadas. Os óxidos férricos continuarão a reagir à luz ultravioleta ambiente. A imagem está viva: desaparece quando exposta à luz do sol, reaparece quando mantida no escuro. Os tons mudarão com o tempo. Um desafio para quem vive na era dos algoritmos de controle.
A única maneira de parar o tempo e congelar um estágio atual será digitalizando a imagem. O cianótipo fotografado terá uma aparência cada vez mais diferente da arte original. Não sei se isso importa.